A balada de Narayama, 1958

Orin é levada pelo filho para à montanha para morrer.
Orin é levada pelo filho para à montanha para morrer.

A balada de Narayama | Narayama Bushiko
Drama
Keisuke Kinoshita • 1958 • JP
Legenda em português • Online legendado

Um vilarejo pobre e remoto no Japão antigo segue uma antiga tradição que determina que, quando um idoso atinge 70 anos, deve ser abandonado para morrer em uma determinada montanha sagrada. Nesse vilarejo vive Orin, uma mulher de 69 anos que se preparara o ano inteiro para dizer adeus à sua família.

A LENDA E A ORIGEM DO FILME

A Balada de Narayama é baseada no livro Narayama bushikō (楢山節考) de Shichirô Fukazawa, de 1956.
O livro fala sobre uma antiga tradição japonesa, Ubasute, que determinava que idosos –de um remoto e pobre vilarejo no qual os alimentos eram escassos– deveriam ser abandonados em uma montanha local sagrada quando completassem 70 anos, diminuindo o número de pessoas a serem alimentadas na família e evitando que outros membros morressem de fome.
Esses idosos seguiam à montanha por espontânea vontade ou eram levados pelos filhos, onde morreriam de forma lenta e dolorosa de desidratação, fome e frio, mas seriam abençoados pelos deuses que lá habitavam. Os idosos que não o fizessem, seriam motivo de vergonha e desonra à família.

Há um artigo muito bacana que fala sobre a origem  do Ubasuto no site Mundo Oriente, e que explica que ele não foi apenas uma lenda… Vale a pena conferir.

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Orin ensina à nova nora como cuidar de sua família. Na foto, a ensina a pescar.

Considero A Balada de Narayama um grande filme pois trata de um assunto delicado: o momento em que um ser humano é obrigado a antecipar o fim de sua existência — muitas vezes uma existência saudável — trazendo tristeza a ela e à família (mas não Orin. Ela encara seu destino resignada e ensina à nova nora como pescar e cuidar na nova família).

A TÉCNICA

Algo que me encantou em A balada de Narayama foi seu estilo teatral, baseada no kabuki. A iluminação, as atuações, o cenário montado ao fundo –sem a menor pretensão de realsimo, e a narração cantada no melhor estilo joruri: tudo colabora para seu estilo incomparável.

Não acredito que agrade a todo tipo de gosto.
Muita gente não curte filmes em preto e branco nem os muito antigos. E o fato de ser narrado musicalmente pode contar negativamente também.
Ainda assim, a Balada de Narayama de 1958 é um clássico obrigatório para os fãs do cinema japonês, ainda que possam não gostar.

REMAKE

Há uma versão de A Balada de Narayama filmada em 1983 pelo diretor Shōhei Imamura. Apesar de ter sido levemente inspirada pela versão de 1958, inspirou-se também no livro homônimo de Shichirō Fukazawa, de 1956.
A última versão contém muitas cenas que não constam no original, e ambos têm estilos muito diferentes.
Enquanto a versão de 1953 é totalmente focada na história de Orin (a mãe), a de 1958 insere outros elementos, outros personagens, outros fatos, incluindo cenas chocantes e de sexo que demonstram a falta de dignidade do ser humano, que desce ao nível mais baixo para sobreviver (uma alusão ao o que acabara de acontecer na Segunda Guerra, talvez?)

Diferentemente do original de Keisuke Kinoshita, a versão de Shōhei Imamura não segue o estilo kabuki e não conta com o joruri.
Então, devido ao número de diferenças, acho difícil compará-los. Vale mais a penas conferir os dois.
Embora a última versão tenha recebido o prêmio Palma de Ouro, em Cannes, gostei muito mais da primeira. Mas essa é só minha opinião.
Pesquisando pela internet, li muito comentário de pessoas que preferiram a versão mais recente. E é fácil entender por quê.
Como eu disse anteriormente, A balada de Narayama de 1958 não agrada ao público em geral pelas suas características particulares. A balada de Narayama de 1983 se aproxima mais do que estamos acostumados a assistir.

Confira outros comentários sobre A balada de Narayama no Filmow.

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